segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O que o erro da New Coke tem a nos ensinar ainda hoje quanto ao uso de pesquisas

A Guerra das Colas começou no final da década de 1970. Em 1975, a Pepsi começou a fazer testes cegos de preferência com as pessoas. Os testes eram divulgados em comerciais de 30 segundos. Eles mostravam diferentes classes sociais, locais etc. O sucesso da Pepsi levou a Coca a fazer anúncios em resposta aos da Pepsi e vice-versa.

A disputa seguiu até que a Coca, em 1985, lançou a New Coke. A New Coke trazia uma nova fórmula do produto, era a primeira mudança da fórmula original do refrigerante em 99 anos.


A New Coke surgiu de uma extensa pesquisa de testes cegos realizados com mais de 200 mil consumidores. Segundo estas pesquisas, haveria uma preferência pela nova fórmula em relação à Pepsi. No mundo real, ocorreu o contrário. A companhia teve uma queda brutal nas vendas. Os consumidores da Coca se revoltaram. Não admitiram a mudança de posicionamento do produto. Exigiram o retorno da fórmula original.

Com a pressão dos consumidores, 79 dias após o lançamento da New Coke, a Coca-Cola original voltou a ser produzida. Os testes realizados pela Coca estavam errados? Os consumidores, de olhos vendados, mentiram? O sabor da nova fórmula não era melhor ao paladar que o anterior? A resposta a todas estas perguntas é não.

Mas então qual foi o erro da Coca?

O erro foi o teste. A pergunta estava errada. Ao invés de perguntar ao seu consumidor se ele desejava uma alteração de sabor (de posicionamento) no produto, a Coca-Cola saiu fazendo testes cegos para encontrar uma “cola ideal”.

Na verdade, houve um erro ainda comum na administração de marketing. Ao invés de usar as pesquisas para viabilizar o produto (estratégia usada pela Pepsi), a Coca-Cola cometeu o erro de usá-las para “adaptar” o produto ao mercado. A New Coke, no mundo real, era uma ficção.

Como muitos e muitos candidatos em nossas eleições hoje em dia.

Paulo Cezar da Rosa
Diretor Veraz Comunicação